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terça-feira, 29 de março de 2016

Outras Notícias (Saúde) - Saúde Pública: prioridade do Estado e da sociedade


Em toda e qualquer pesquisa de opinião que se tenha feito no Brasil nos últimos anos para saber em quais áreas o Estado deve melhorar a atuação, a saúde pública está sempre entre as três maiores preocupações dos brasileiros.

Aliás, não existe campanha política neste país que não se sustente no tripé “Saúde, Segurança e Educação”. Se a saúde pública é preocupação de todo brasileiro e prioridade de todo político em campanha, por que esse discurso nunca saiu da retórica? Por que é tão difícil programar uma política de saúde pública séria em nosso país? Por que tantas pessoas padecem e morrem por falta de tratamento adequado?

Os governos se sucedem e a saúde é sempre tratada com descaso. Privilegiam-se os planos de saúde, que recebem inclusive subsídios federais, enquanto a grande maioria da população, que não tem acesso a tratamento médico particular, padece nas intermináveis filas dos “postinhos”.

O atendimento prestado é vergonhoso: horas na fila para uma consulta feita em linha de produção e que não dura mais do que cinco minutos, e o trabalhador, coitado, vai perder, inclusive, mais um dia de seu salário, porque nem mesmo atestado médico se fornece nas Unidades de Pronto Atendimento – UPAs, mas mera “declaração de comparecimento”.

A fila para obter uma consulta especializada é interminável e pode demorar anos, tempo que geralmente o doente não dispõe. É nesta condição de vulnerabilidade que o cidadão comum sucumbe ao modelo clientelista vigente e busca, então, o seu último recurso: o escambo com algum nobre vereador. Barganha-se uma consulta especializada pelos votos do doente e familiares, garantindo-se a perpetuação deste modelo podre de se fazer política à custa da desgraça alheia.

Agora podemos responder a pergunta anteriormente feita: melhorar a saúde pública no Brasil não é prioridade do Estado porque a sua precariedade é negócio rentável para os maus políticos, para a indústria farmacêutica e para os hospitais particulares especializados. Seguindo essa lógica nefasta, a rede pública não cuida da saúde, mas sim da doença da população. Somos especialistas em tratar sequelas das mais variadas.

Em vez de se controlar a pressão arterial, a obesidade ou o diabetes do cidadão, evitando-se o surgimento de inúmeras formas de doença, o Estado prefere gastar bilhões de reais com internações, cirurgias, novas drogas e novas tecnologias caríssimas para se corrigir aquilo que poderia ter sido evitado com um tratamento preventivo, muito mais barato e eficaz.

Mas a quem interessa um sistema de saúde eficaz? Com certeza não interessa à indústria da doença, que mama nas tetas fartas do SUS. Na verdade não falta dinheiro para a saúde, o que falta é uma gestão séria, honesta e criteriosa dos recursos públicos. 

Grande parte do desperdício do dinheiro da saúde está justamente na má aplicação feita pelos municípios, que privilegia a doença e não a saúde, isso sem falar nos desvios de recursos, frutos de um mal que infelizmente ainda assola o nosso país: a falta de ética e a certeza da impunidade. E nós, cidadãos comuns, o que podemos fazer? 

Nossa participação é primordial para que se mude essa realidade, e mesmo diante desse cenário desanimador é preciso que não nos omitamos. Cumpre a nós, cristãos leigos, que nos engajemos na sociedade, agindo no que for possível para garantir que todos tenham acesso a um sistema de saúde de qualidade.

Uma boa forma de ajudar é participando do Conselho Municipal da Saúde de nossa cidade. Não importa se você trabalha na área da saúde, ou representa ou não alguma entidade de classe ou categoria, o que importa é que você participe, discuta e sugira melhorias, fiscalize, cobre e denuncie os maus serviços.

 Lembremo-nos que Deus não nos pede grandes feitos ou atitudes heroicas, Ele nos pede pequenos gestos. Pequenos, mas comprometidos com o ideal cristão de vida plena a todos. Peçamos a Maria Santíssima, Mãe de Deus e Mãe da Igreja, que nos dê coragem e perseverança, e ao Espírito Santo que nos oriente nesta santa caminhada na busca do bem comum. Trabalhar pelos necessitados é gesto de amor, e amar o próximo é amar a Deus.

Fonte: Estadão

 

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