Conhecendo o Espírito Santo

“Envias o teu Espírito,
eles são criados,
e, assim, renovas a face da terra”.

                                       Salmo 104: 30
 

A doutrina do Espírito Santo é básica na revelação do Novo Testamento e fundamental na vida do homem que nasceu de novo e experimentou a vida de Deus em seu interior. A igreja só tem condição de funcionar, de cumprir sua missão, se depender inteiramente do Espírito de Deus.

Infelizmente, alguns aspectos dessa doutrina, especialmente aqueles relacionados com a experiência prática do cristão, têm servido de motivo para discórdia e até mesmo de cisões entre o povo de Deus.

Para evitar tais situações, é preciso interpretar a verdade acerca do Espírito Santo à luz do ensino claro e uniforme da Palavra de Deus, com humildade e dependência dele mesmo. Então, consideremos as seguintes questões:

A divindade do Espírito Santo

As Escrituras Sagradas ensinam enfaticamente a divindade do Espírito Santo. Contudo, no decorrer da história, têm existido aqueles que negaram essa verdade.

Por exemplo, Ário, um presbítero de Alexandria, do 4º século da nossa era, introduziu um ensino que sustentava que Deus é uma eterna pessoa, que criou Cristo, que por sua vez criou o Espírito Santo. Assim, negava Sua divindade. Essa idéia obteve grande aceitação na igreja de então.

O Concílio de Nicéia, em 325 d.C, combateu o arianismo e decidiu que o Filho é da mesma essência do Pai (co-essencial com o Pai).

Atanásio, um dos principais opositores de Ário, declarou: “Existe uma Trindade, santa e completa, que confessamos como Deus em três pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo, o qual não contém nada estranho ou externo mesclado consigo mesmo, nem é composto de um que cria e outro que foi criado, pois todos são criadores; possui uma só essência, em sua natureza divisível, sendo sua atividade una.

O Pai faz tudo através do Verbo [e] no Espírito. Logo, a unidade do Santo Triúno é preservada. Assim, um só Deus é pregado na Igreja, 'o qual é sobre todos (Ef 4.6), age por meio de todos e está em todos'... É uma Trindade não apenas no nome e na maneira de falar, mas em verdade e realidade”.

 Razões para crermos
       na divindade do Espírito Santo

a. Ele é Deus porque estava presente na criação. Ele tirou as coisas do nada e do vazio fez o universo: “No princípio criou Deus os céus e a terra. E a terra estava sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo, e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas”, Gn 1: 1-2.

O verso 2 apresenta um quadro de calamidade, de caos, de trevas, de melancolia, mas em meio a essa situação surge uma cena maravilhosa: o Espírito de Deus pairava sobre a face das águas, ou seja, o Espírito se manifesta sobre as águas dando vida ao universo. E, de repente, surge a beleza, a limpeza, a abundância, a vida. Tudo foi criado pelo poder do Espírito Santo. O Espírito Santo é o autor tanto da vida física como da vida espiritual.

b. Ele é o preservador da vida por isso é Deus. Em Jó 34: 14-15, encontramos uma das mais belas e significativas afirmações bíblicas a esse respeito: “Se ele pusesse o seu coração contra o homem, e recolhesse para si o seu espírito e o seu fôlego, toda a carne juntamente expiraria, e o homem voltaria para o pó”.

O que esse texto está dizendo é que quem energiza, quem sustenta a vida, quem mantém o coração batendo, o sangue correndo; quem preserva a fotossíntese dos vegetais; enfim, quem mantém vivo tudo que tem vida em todo o universo é o Espírito de Deus.

O Salmo 104: 5-30 afirma que o Espírito Santo continua atuando hoje na perspectiva da renovação da natureza e do cosmos. Deus não apenas criou, mas continua mantendo, renovando e criando dentro da criação. O texto se refere à preservação da vida, dizendo que Deus prossegue mantendo-a através do envio do seu Espírito.

c. Ele é Deus porque possui atributos divinos. A palavra atributo, vem do latim ad, para, e tribuere, atribuir, ou seja, aquilo que é atribuído a alguma coisa. Na teologia cristã, o termo veio a ser usado para indicar aquelas qualidades ou propriedades atribuídas a Deus, como parte de sua natureza.

Champlin, em sua Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia, fala sobre as várias definições apresentadas por filósofos e teólogos sobre este assunto. Vejamos algumas:

- Para Aristóteles, “o mundo divide-se em substâncias individuais e atributos dessas substâncias. Os atributos são aquelas características predicáveis à substância, seguindo as categorias de tempo, lugar, relação, espaço, posição, estados ativo ou passivo, etc.”

- Para Tomás de Aquino, e também no escolasticismo, isso “envolvia uma adaptação das idéias aristotelianas, com elementos transcendentais adicionais, com o único, o verdadeiro, o bom atributo de tudo, e especialmente, no caso de Deus.”

- Para Spinoza, “os atributos, são aquelas características que constituem a essência.”

- Na teologia, os atributos de Deus, podem ser definidos como aquelas características que distinguem a natureza divina, inseparáveis da idéia de Deus, e que constituem a base e a razão de suas diferentes manifestações às suas criaturas.

- A Bíblia declara que o Espírito Santo é Eterno, Hb 9: 14; Onipresente, Sl 139: 7-10; Onipotente, Lc 1: 35; Onisciente, 1Co 2: 10. Ele sabe tudo, não existe mistério algum para ele. Nada lhe é oculto; as maiores profundidades da inteligência e da divindade são inteiramente discernidas por Ele, 1Co 2: 9-10.

d. O Espírito Santo é Deus porque possui nomes divinos. Ele é chamado Espírito de Deus, 1Co 3: 16; Espírito do Senhor, Is 11: 2; O Espírito do Deus vivente, 2Co 3: 3; O Espírito de Cristo, Rm 8: 9; O Espírito de vida, Rm 8: 2; O Espírito de adoção, Rm 8: 15.

Percebe-se claramente que o Espírito Santo é o Deus que reside na igreja, peleja por ela, intercede por ela. Ele conduz a igreja em triunfo e a prepara para apresentar ao noivo uma noiva sem mácula nem ruga, porém santa e sem defeito.
 

 Conclusão

O cristão que anda nos princípios da Palavra de Deus não tem dificuldade de entender, aceitar e viver segundo a direção do Espírito Santo em seu coração. Toda prática cristã não trará dificuldades para o reino de Deus, pelo contrário, fortalecerá o cristianismo sobre a face da Terra.