Um dos maiores problemas que os pacientes enfrentam quando
se tratam contra um câncer é quando aquele remédio usado na primeira
linha do tratamento não funciona ou funciona muito pouco, levando-os a
buscar outras drogas para exterminar a doença.
No caso
do Linfoma de Hodgkin – aumento dos gânglios linfáticos e tipo de câncer
mais comum em pessoas com entre 15 e 30 anos –, o remédio que
representava a última esperança e só podia ser usado uma vez agora passa
a poder ser aplicado quantas vezes forem necessárias pelos pacientes.
A
novidade vem graças a uma aprovação recente da Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (Anvisa) do brentuximabe, medicamento usado para
estender a vida da pessoa que tem a doença nos glânglios linfáticos.
Virose ou câncer?
Fadiga, inflamações nos gânglios, febre esporádica, sudorese noturna, coceira no corpo, perda de peso... Apesar de serem confundidos com viroses, esses sintomas podem muito bem ser uma pista para um câncer linfático, que, se diagnosticado, leva à quimioterapia e, às vezes, radioterapia.
De acordo com Otávio Baiocchi, hematologista da Universidade Federal de
São Paulo (Unifesp), 80% dos pacientes são curados com esses
tratamentos.
No entanto, aqueles 20% que não respondem à
quimioterapia precisam de outras opções, como o transplante de medula
alogênico – quando a medula do próprio paciente é retirada, para ser
inserida posteriormente, e são ministradas altas doses de quimioterapia
para suprimir o câncer – e, no auge, a brentuximabe.
Desde 2015, o remédio em forma de anticorpo que
consegue se ligar diretamente às células cancerosas para tentar diminuir
proliferação do câncer tem encontrado barreiras, já que seu uso era
aprovado somente para uma aplicação – ou seja, se o paciente melhorasse
mas voltasse a ter uma recaída, ele não poderia usá-lo novamente.
Com
aprovação da Anvisa para usos repetidos, tratar pacientes refratários
aos outros tratamentos contra o linfoma de Hodgkin ficou menos
complicado para os médicos.
“Antes, de 10 a 15% dos jovens estariam
vivos em cinco anos depois do tratamento. Hoje, o número saltou para ao
menos 60%”, comemora Baiocchi. Além disso, os efeitos colaterais do
remédio são mais amenos do que os da quimioterapia.
Oncologista
clínico do Hospital A. C. Camargo Cancer Center, Vladmir Cordeiro de
Lima explica que, com a aprovação da Anvisa, é mais fácil pedir a
autorização para uso a operadoras de saúde. Não há previsão, no entanto,
de a droga ser disponibilizada no Sistema Único de Saúde (SUS).
“Um
paciente idoso ou uma pessoa com muitos outros problemas de saúde não
aguentaria passar por um transplante de medula, já que é um tratamento
mais agressivo. Então, essas pessoas também são candidatas para o uso do
brentuximabe”, explica Lima. “Não é um tratamento curativo, mas tem uma
taxa de resposta muito alta e controla a doença por um bom tempo."
O tempo médio de um reaparecimento do linfoma de Hodgkin é de dez meses.
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