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quinta-feira, 28 de abril de 2016

Artigo - Teologia do Evangelho


 

Uma reflexão bíblico-teológica
sobre os pontos basilares
das boas-novas de salvação.

“Porque não me envergonho do evangelho de Cristo,
pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele
que nele crê; primeiro do judeu, e também do grego”.
Romanos 1: 16.
 
Na literatura clássica, a palavra evangelho designava a recompensa dada pela entrega de boas notícias. O evangelho não vem apenas em poder, mas é o próprio poder de Deus. Paulo o reputa como um tesouro sagrado, 1 Timóteo 1: 11 e 15. O termo evangelho provém do grego “evangelion”, que significa, literalmente, "boas-novas", Marcos 1: 1, 15 e 16: 15.

Para fins práticos, evangelho é o poder de Deus revelado no seu filho, Jesus Cristo; é Deus fazendo missões culturais e transculturais, por meio de seu filho unigênito, João 3: 16; é o verbo que se fez carne e habitou entre nós, João 1. É próprio Jesus encarnado, que morreu e ressuscitou ao 3º dia para consumar a obra da salvação.   

        
O evangelho é o mais fascinante projeto de vida que Deus tem para oferecer à humanidade perdida e condenada. Projeto que reconstrói lares, restaura vidas arruinadas, reintegra o homem à sociedade e o conduz à vida eterna. Ele tem transformado milhares e milhares de pessoas num acontecimento de vida, alegria e esperança, e tem gerado os homens mais humanos da história, dos quais o mundo não era digno.

Por amor e fidelidade ao evangelho de Cristo, homens foram apedrejados, torturados, serrados, desamparados, afligidos, maltratados, tentados, injuriados, mortos a fio da espada, Hebreus 11: 37 e 38. Sem o Evangelho não existiriam os ex-viciados, ex-drogados ex-bandidos, ex-ladrões, ex-alcoólatras, ex-prostitutas, ex-homossexuais, ex-feiticeiros, ex-assassinos, ex-mentirosos, ex-corruptos, ex-condenados, etc.

Somos gratos a Deus pelo evangelho, que tem transformado o mais terrível pecador numa nova criatura em Cristo Jesus, 2 Co 5: 17. Portanto, Evangelho não é invenção humana nem tampouco um conto de fada, mas uma verdade irrefutável, que não pode ser negada e que tem atravessado séculos e mais séculos e chegado até nós.

O apóstolo Paulo, em seu tratado teológico, conforme Romanos 1: 16, trabalha, de maneira bem didática, a riqueza teológica a respeito das verdades incontestáveis sobre o poderoso Evangelho. Nesse tratado, ele pré-estabelece alguns pontos que se tornaram básicos e relevantes para a fé cristã. Senão, vejamos:  
 
Sua origem: Deus
“... é o poder de Deus...”. É importante destacar que o evangelho tem sua origem em Deus, ou seja, ele nasceu no coração de Deus e é tão antigo, se assim podemos dizer, quanto o pecado, Gn 3: 15. Paulo já inicia a carta aos Romanos, capítulo 1.1, afirmando que foi separado para o evangelho de Deus: “Paulo, servo de Jesus Cristo, separado para o evangelho de Deus”.

Evangelho não é algo inventado por algum erudito, nem algo descoberto por algum professor de Teologia. É fato bendito da revelação de Deus. Por isso, a igreja é obra genuína do Evangelho de Deus. Ela, como corpo de Cristo e não como instituição eclesiástica, mas de pessoas lavadas e redimidas pelo sangue de Jesus, só existe por causa do evangelho.

 Portanto, ele não é presbiteriano, assembleiano, batista, metodista, pentecostal nem tampouco histórico. As boas-novas de salvação são obra exclusiva de Deus. Sua marca e patente estão registradas nos céus. Não pertencem a nenhuma empresa ou igreja privada. Pelo contrário, à igreja Deus confiou a tarefa de levar  o evangelho a toda à criatura, mas não o direito de se apoderar dele, a ponto de querer gerenciá-lo. 
     
Sua força: o poder
“... é o poder...”. Jesus disse: “Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo...”, Atos 1: 8.  A palavra poder é, no original, “dynamis”. Dela se derivam três outras na Língua Portuguesa: a) Dinamite, que é um explosivo. O crente cheio do poder do Espírito destrói todas as fortalezas do diabo. B) Dínamo, gerador de energia. O crente cheio do poder do Espírito Santo é um gerador de energia espiritual.

Jesus disse certa feita: “Quem crê em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de águas vivas”, João 7: 38. c) Dinâmico, que se traduz por movimento, capacidade, eficácia. Em outras palavras, o crente cheio do poder do Espírito Santo é ativo, disposto e enfrenta qualquer desafio no trabalho do Senhor. A Bíblia recomenda que sejamos cheios do Espírito: “... mas enchei-vos do Espírito Santo”, Efésios 5: 18.

Sabem por que as portas do inferno não prevalecem contra a Igreja? Porque ela é movida pelo poder do Espírito Santo, Mateus 16: 18, Atos 1: 8. Nos tempos primitivos o império romano tentou impedir a progresso da igreja, mas não conseguiu. Na idade média ou idade das trevas (séculos V a XV) houve grandes investidas contra a igreja, mas nada pôde detê-la. Ainda hoje, muitas são as investidas de Satanás, mas ela é mais do que vencedora, Romanos 8: 37.

Sua prioridade: a salvação
“... para salvação...”. É importante relembrar que o evangelho nasceu no coração de Deus, e nasceu com um propósito definido por seu criador: trazer salvação ao homem perdido: “Porque o filho do homem veio buscar e salvar o que se havia perdido”, Lucas 19: 10. Não há dúvidas de que a prioridade é a salvação da humanidade. Tudo que fugir desse contexto não é bíblico, mas humano.

Portanto, cremos no Jesus (evangelho) que cura, soluciona problemas, derrama bênçãos sobre o seu, dá prosperidade espiritual e material, abre portas e faz tudo o que for necessário para os que nele confiam. Tudo isso é bom e bíblico, mas não se constitui na essência do objetivo primeiro do evangelho, que é proporcionar ao pecador a vida eterna. Por isso, a igreja não pode perder o sentido dessa verdade.

Os pregadores da atualidade precisam expor a mensagem do arrependimento e da fé, elementos essenciais no processo da conversão. O arrependimento para remissão de pecados foi a contundente mensagem pregada por João Batista no deserto, por Jesus, por ocasião de seu ministério na terra, pelos os discípulos e pelo apóstolo Paulo: “Arrependei-vos e crede no evangelho”.  Há de se considerar que o discurso teológico (evangelho) precisa ser contextualizado, mas não pode perder sua essência e beleza bíblica e ungida.

Sua extensão: o mundo
O texto diz: “... de todo aquele...”. Isso nos leva a pensar na universalidade ou expansão das boas novas de salvação, ou seja, o evangelho não nasceu apenas para os judeus, mas para todo aquele que crer em Jesus, primeiro do judeu e também do grego, João 1: 11. Na Grande Comissão, Jesus disse: “Portanto, ide e fazei discípulos de todas as nações...”, Mateus 28: 19. Ele ainda ordenou: “E este evangelho do reino será pregado em todo o mundo, em testemunho a todas as nações, e então virá o fim”, Mateus 24: 14.

Vale ressaltar que o termo nações neste texto não se refere, necessariamente, às nações politicamente organizadas, mas às etnias ou povos. Uma etnia, por exemplo, é um grupo (povo) que se distingue de outro grupo humano por sua língua e cultura distintas, isto é, costumes, crenças, valores. No Brasil, por exemplo, existem, além dos indígenas, muitas etnias formadas por imigrantes. Os povos da janela 10x40 são etnias que precisam ser alcançadas.  Pregar o evangelho a todas as etnias é a missão que Deus incumbiu à igreja na face da terra.  


Por isso, não há limites para se pregar o evangelho. Efésios 3: 18 fala das dimensões ou do alcance do evangelho (amor) de Deus: largura: todas as nações e classes de pessoas; extensão: todos os tempos; altura: sua divindade e onipotência; profundidade: a ação poderosa do evangelho, que desce ao abismo do pecado e tira de lá o mais vil pecador.

O apóstolo João contemplou em sua visão uma grande multidão (etnias) que fora alcançada pelo evangelho de Deus: “... vi uma grande multidão, que ninguém podia contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas, que estavam diante do torno, e do cordeiro...”, Apocalipse 7: 9.



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