Amas-me?
- Tu sabes que te amo.
- Apascenta
as minhas ovelhas
Há
na Bíblia uma série de textos que nos
levam a refletir sobre a sublime vocação
ministerial e a missão de um pastor
frente ao rebanho de Deus.
Ser pastor é
um privilégio indiscutível e que muitos
desejam, afirma o apóstolo Paulo: “Se
alguém aspira ao episcopado (pastorado),
excelente obra deseja”, 1Tm 3:
1. No
entanto, a prerrogativa de escolha
pertence a Deus, ou seja, é Ele quem
separa, chama e capacita pessoas para o
ministério pastoral. É mérito divino
escolher homens e/ou mulheres para uma
obra específica. Ninguém se autoescolhe
para o ministério pastoral.
Pedro é o tipo de
pastor que precisou passar pelo crivo da
avaliação divina para que, depois de
aprovado, pudesse apascentar o rebanho
(a igreja) de Jesus.
Talvez a pergunta
mais difícil que, em toda a sua vida,
precisou responder foi a respeito de
suas convicções sobre o amor a Jesus:
Amas-me? Por três vezes Jesus fez a
mesma pergunta e por três vezes Pedro
respondeu: “Senhor, tu sabes que te
amo”, João 21: 15-17.
Está evidente no
diálogo entre Jesus e Pedro, que a base
fundamental para pastorear ou apascentar
um rebanho é um coração apaixonado por
Jesus.
Pedro compreendeu isto, depois
que provou por três vezes que o seu amor
por Jesus não era imaginário e
momentâneo, mas legítimo, consciente e
pessoal. Aprendeu que o amor a Jesus era
o requisito eclesiástico-teológico mais
relevante de sua vida ministerial.
Amas-me? Esta é
uma pergunta que Jesus faz a todos os
cristãos. Devemos estar cônscios de que
para servir ao Senhor é necessário,
acima de qualquer ato ou bem neste
mundo, amá-lo de coração.
Em se tratando
do pastor, especificamente, que é visto
por todos como exemplo do rebanho, amar
a Jesus é a maior garantia de que se
está preparado para apascentar suas
ovelhas - a igreja.
Partindo desse
pressuposto, a propósito do dia do
pastor, o 2º domingo de junho, gostaria
de convidar os amados colegas de
ministério e os leitores deste Jornal
para analisarmos, de maneira prática, as
três perguntas que Jesus fez a Pedro,
bem como as três respostas dadas por ele
a Jesus.
Perceberemos que se trata de
perguntas e respostas que caracterizam
um teste de aprovação ministerial, que
nos leva a refletir sobre o valor e a
responsabilidade de apascentamento do
rebanho do Senhor.
Teste 1: Amas-me?
Na primeira vez em que Jesus indaga a
Pedro, v. 15, percebe-se que está em
discussão a questão do amor de devoção
ou amor sem interesses, ou seja, Jesus
queria saber se ele o amava com a mente
(inteligência) e com o coração (emoção).
Isto se explica pela força da origem da
palavra amor (agapao/phileo), que
aparece no verso 15: “Amas-me mais do
que estes?” Pedro, sem vacilar
responde: “Senhor, tu sabes que te amo”.
Pedro é, a princípio, aprovado:
“Apascenta os meus cordeiros”.
Quando Jesus pergunta se Pedro o amava
mais do que “estes”, ele poderia estar
se referindo à profissão e à vida
secular deste discípulo, ou ao amor com
que os outros discípulos o amavam.
Verdade é que Jesus queria saber se o
amor que estava no seu coração era
superior a todas as demais coisas.
Pedro precisava provar que o seu amor
por Jesus era inigualável e superior a
tudo. Isto o capacitaria para o grande
ministério que Deus tinha a realizar em
sua vida mais tarde, 1 Pe 1: 1.
Uma das lições que se tira desta
conversa é a compreensão de que o
pastorado é, sem sombra de dúvida, uma
questão de sincera e constante devoção,
isto é, é preciso apego, compaixão e
amor ao ministério.
É bom lembrar que
Jesus estava pondo à prova a capacidade
de Pedro em amá-lo em comparação a tudo
nesta vida (dinheiro, bens, status,
posição, etc.). Jesus tinha de ocupar o
lugar máximo em seus projetos e
objetivos. Era o Reino de Deus que
estava sendo aclamado como prioridade,
Mt 6: 33.
Teste 2:
Amas-me?
Nesta segunda etapa do diálogo entre
Jesus e Pedro, o que se vê é uma
reiteração do que se passou no primeiro
momento, v. 15, e que, não sabendo
Pedro, seria o mesmo assunto da terceira
pergunta, v.
17. Segundo os estudiosos,
a insistência ou a repetição do
“amas-me” se dá pelo fato de que Pedro
tenha, enfaticamente, negado a Jesus
três vezes, por ocasião do julgamento,
Mt 26: 75. À semelhança da primeira
resposta, Pedro profere com sinceridade
estas palavras: “Tu sabes que te amo”,
v. 16.
Interessante que, ainda, continua em
discussão o amor desprendido de
interesses pessoais ou humanos. Jesus
insistia no amor de devoção à sua pessoa
e obra.
Ele não desistiu de inquirir o
coração de Pedro com a mesma pergunta:
Amas-me? Nesse momento, pode-se ver que
Pedro aparece mais submisso do que em
qualquer outro momento. Agora não é mais
aquele homem ostensivo e arrogante, como
em outras ocasiões, Mt 26: 21-35.
Diante da experiência de Pedro, seria
bom que cada um de nós meditasse na
relevância do chamado ministerial. Deus
não chama ninguém por acaso, nem
tampouco para satisfazer o ego de
alguém. Por outro lado, precisamos estar
conscientes de que o ministério é algo
sublime e está acima de qualquer posição
ou bem.
O homem ou a mulher de Deus não
deve barganhar o ministério por nada
neste mundo. Muitos já perderam de vista
o amor a Jesus e à sua obra, que é o elo
de sustentação em meio aos constantes
desafios no pastorado. Jesus chamou
você, meu irmão, para ser pastor de
ovelhas!
Teste 3:
Amas-me?
O discurso de Jesus parecia ser
redundante. Pela terceira vez pergunta a
Pedro a mesma coisa: amas-me? Se fosse
antes da morte de Jesus, talvez Pedro
respondesse assim: Senhor, eu não já
falei que te amo? O Senhor já me
perguntou isso duas vezes e eu já disse
que te amo!
Mas, muito pelo contrário,
Pedro entristeceu-se por Jesus ter dito
pela terceira vez: Tu me amas? Sua
convicção bíblico-teológica estava sendo
duramente provada ou testada. Com
profunda tristeza no coração, expressa
pela última vez: “Tu sabes que te
amo, Senhor”, v. 17.
É bom lembrarmos que a metodologia de
Jesus, desde o início de sua conversa
com Pedro, estava marcada por esta
indagação: amas-me? O Mestre não se
prendeu ao luxo em usar palavras
bonitas, eloquentes e poéticas.
Durante
o tempo em que esteve na terra, pregando
o evangelho, sua filosofia ministerial
sempre esteve embasada no amor. A
insistência de Jesus serviu para testar
a fé, o amor, a perseverança e as
convicções desse discípulo para que,
mais tarde, seu ministério fosse
consolidado e profícuo.
Jesus estava ensinando que, se Pedro não
o amasse acima de qualquer coisa, jamais
estaria apto para pastorear seu rebanho.
Talvez este tenha sido um princípio já
esquecido por muitos. Não tenho dúvidas
de que o que verdadeiramente encoraja e
leva um pastor a se desgastar e
trabalhar na obra do Senhor não é a
recompensa do dinheiro e dos bens
materiais, mas o amor por Jesus e ao
seu rebanho, a paixão pelos pecadores
perdidos e a certeza de que a obra é de
Deus e dele vem a nossa recompensa.
Concluindo, percebemos que o teste a que
Pedro foi submetido era composto por
três perguntas apenas. Interessante que
as perguntas e, consequentemente, as
três respostas foram sempre iguais:
Amas-me? Tu sabes que te amo! Apascenta
as minhas ovelhas.
Com isso, aprendemos que o requisito
essencial para o sucesso no ofício
pastoral, segundo a teologia de Jesus,
será sempre este: primeiro: amar a
Jesus; segundo: amar a Jesus; terceiro:
amar a Jesus. Exatamente por isso que
Pedro foi bem-sucedido em seu ministério
e reconhecido mundialmente como o
verdadeiro APÓSTOLO do Senhor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário