Sobre a
autoria desse evangelho, Papias (115 d. C.) afirmou: “Marcos, tendo-se tornado
intérprete de Pedro, escreveu acuradamente tudo quanto lembrou”. Irineu (185 d. C.)
disse: “Agora, depois da morte de Pedro e Paulo, Marcos, o discípulo e intérprete
de Pedro, também transmitiu-nos em escrito, o que Pedro pregou.”
Marcos
apresenta o Evangelho de Jesus Cristo, no cap. 1: 15, como “o tempo está cumprido e
o reino de Deus está próximo”. Vejamos como esse evangelista procura mostrar a
pessoa de Jesus e sua mensagem.
I - CONHECENDO O AUTOR DO EVANGELHO
1 - Uma
família temente a Deus -
Sabe-se pouco acerca do autor do Evangelho. Entretanto,
algumas passagens nos fornecem sugestões acerca de seus interesses e de sua
personalidade. Costuma ser identificado como João Marcos, membro de uma família cristã
de Jerusalém, ajudante e substituto de Paulo, Barnabé e Pedro, mencionado em At. 12: 12.
Muitos acham que o anônimo jovem de Mc. 14: 51 foi o próprio Marcos.
Provavelmente
seu lar fosse um centro de reuniões dos dirigentes cristãos em Jerusalém, pois foi a
primeira casa que Pedro procurou quando foi livre da prisão, At. 12: 12. Nela também
ficava o cenáculo, onde se celebrou a última ceia.
2 - Um
jovem dedicado às missões -
Marcos foi levado às missões por Barnabé e
acompanhou-os a Chipre, depois a Perge, na Panfília, mas não prosseguiu até o final da
primeira viagem missionária, At. 13: 15; 15: 38. Amadureceu no decorrer dos anos, como
vemos no seu relacionamento com Barnabé e, depois, com Paulo.
3 -
Discípulo de Pedro, amigo de Paulo - Depois do episódio de Atos 15,
Marcos desaparece da narrativa e só voltou a ser citado 10 anos mais tarde, em Cl. 4: 10,
quando esteve com Paulo em sua prisão, em Roma. Tempos depois, Paulo diz que ele lhe é
útil no ministério, 2Tm. 4: 11. Também trabalhou junto com o apóstolo Pedro,
1Pe.
5: 13.
II -
CONHECENDO COMO MARCOS APRESENTA JESUS
Marcos deve
ter escrito particularmente para encorajar os cristãos romanos perseguidos, pois
apresenta Cristo como um servo em ação, 10: 45, identificando-o com “o servo do
Senhor” de Is. 42: 1. Os verbos e as narrativas mostram sempre Jesus agindo, fazendo
milagres, curando, viajando, pregando, enfim, servindo.
a) Um
servo a serviço do Pai - Para executar o plano
divino,
Jesus submeteu-se, sem reservas, à vontade de Deus, Fp. 2: 6 e 7. No Getsêmani, Ele
demonstra esta verdade, ao dizer: “não seja o que eu quero, e sim o que tu queres”, 14: 36. Por causa dessa aceitação,
Jesus cumpriu plenamente seu ministério, sofrendo todas as afrontas, mas chegou ao seu
objetivo.
b) Um
servo a serviço dos necessitados -
Jesus não veio para ser servido, mas sim para
servir e dar a sua vida em resgate por muitos, 10: 45. Através desse fato, Ele se
identifica com os homens. Ao ler os evangelhos, vamos presenciá-lo sempre servindo:
curando os enfermos, Lc. 5: 17, alimentando a multidão, Mt. 14: 19 e trazendo alegria,
Mt. 8: 27 e Mc. 5: 42.
c) Um
servo a serviço dos pecadores -
A mensagem central de Marcos é a salvação através
da morte expiatória de Jesus Cristo. Ele é apresentado como o “Filho do homem que
não veio para ser servido, mas para servir e dar SUA VIDA em resgate por muitos”,
10: 45.
III - A ESTRUTURA DO EVANGELHO DE MARCOS
Marcos
esboçou seu Evangelho em cinco partes:
Introdução.
Nos 13 primeiros versículos, há uma descrição da preparação de Jesus para o seu
grande trabalho. Apresenta Jesus como Filho de Deus, através do testemunho de João
Batista.
1 -
Demonstração da autoridade de Jesus -
1: 14 ao cap. 5: 43. Nessa fase estão os primeiros
relatos sobre o poder de Jesus para curar e para perdoar pecados: 2: 1-12. Surgem os
primeiros debates com os fariseus e Jesus contesta as tradições vazias do judaísmo. Ele
afirma que é senhor do sábado. Mostra sua divindade porque tem autoridade sobre os
demônios, 3: 11 e 5: 1-20, sobre a natureza, 4: 35-41 e sobre a morte, como no caso da
ressurreição da filha de Jairo, 5: 21-24 e 35-43.
2 -
Preparação inicial dos discípulos -
Nos capítulos 6 a 8, Jesus se preocupa em
ensinar os discípulos, enviando-os a breves missões e concedendo-lhes poder, 6: 7. Cada
falha ou conflito era motivo para uma aula do Mestre:
incredulidade de seus conterrâneos, 6: 6; execução de João Batista, 6: 27-29;
perigo da popularidade, 7: 1-23; a cura de um surdo e gago, 7: 31-34.
3 -
Retirada para a região Norte -
Precisando de calma para aprofundar seus ensinos aos
discípulos, Jesus afastou-se completamente das multidões, indo para Cesareia de Filipe,
uma região fria, onde fica o monte da Transfiguração, Lc. 9: 28.
4 - A
caminhada da cruz -
A penúltima seção deste evangelho mostra Jesus voltando para
Jerusalém, caps. 10 a 13. Aproximavam-se os dias da páscoa. No caminho, cura Bartimeu,
10: 46-52, e ensina que o Filho de Homem veio para dar a sua vida em resgate de muitos,
10: 45.
5 -
Últimos dias de Jesus - Do cap. 14 em diante, descreve a paixão e a ressurreição.
É uma fase triste, quando Jesus é traído, preso e crucificado. Essa tragédia,
entretanto, foi parte inevitável do seu serviço aos homens para a própria redenção
deles. Vem, a seguir, a parte gloriosa. O túmulo vazio e o testemunho do anjo são provas
do grande acontecimento: Jesus ressuscitou!
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