João sabia
que a Igreja, a esse tempo amadurecida, tinha necessidade de estar bem segura de que Jesus
de fato era o Messias e de que todos podem ter vida eterna através dEle. Considerou
também o perigo das heresias, entre elas o gnosticismo que vinha crescendo por todo o
Império Romano, e sentiu a necessidade de levar ao homem a pura fé em Jesus Cristo. Esse
é o tema do quarto Evangelho, que temos o privilégio
de estudar com detalhes.
Por que
cremos que o apóstolo João escreveu o quarto evangelho? O círculo íntimo de
discípulos de Jesus consistia de Pedro, Tiago e João, Mt. 17:1. Pedro tem seu nome
citado no Evangelho, 1: 41, 42; portanto, não pode ser o autor. Tiago morreu nos
primeiros anos da Igreja, At. 12:2. Então, conclui-se que o autor do Evangelho foi o
apóstolo João.
O texto de Jo. 1:24 identifica o autor como alguém referido em 13: 23; 19: 26; 20: 2. Somente o apóstolo João ajusta-se a todas essas qualificações.
O texto de Jo. 1:24 identifica o autor como alguém referido em 13: 23; 19: 26; 20: 2. Somente o apóstolo João ajusta-se a todas essas qualificações.
I - QUEM FOI O APÓSTOLO JOÃO
Seu
caráter - João foi conhecido como o apóstolo do amor. As características
atribuídas a ele são: coragem, lealdade, percepção espiritual, amor e humildade. O
amor é o assunto central de suas Epístolas.
Sua
família - João e seu irmão Tiago, o apóstolo, ambos foram chamados de
“Boanerges” (filhos do trovão) por Jesus, Mc. 3: 17. Sua mãe, Salomé, era
irmã de Maria, mãe de Jesus; portanto, João era primo de Jesus. De pescador, no mar da
Galiléia, tornou-se líder da Igreja de Jerusalém, Gl. 2:9.
Sua
atuação - Após a destruição de Jerusalém, entre os anos 70/95, João
provavelmente começou a ministrar em Éfeso e Província da Ásia. Foi exilado na Ilha de
Patmos, na costa da Ásia, onde escreveu o Apocalipse. De acordo com
a tradição, voltou a Éfeso, onde morreu e foi
sepultado por volta do ano 100 d. C.
II – CARACTERÍSTICAS DO EVANGELHO DE JOÃO
1 -
Simplicidade de linguagem.
João consegue trazer-nos grandes mensagens, numa linguagem
bastante compreensível. O estilo é único entre os quatro Evangelhos. Ele utiliza com
freqüência os constrastes: luz e trevas; fé e descrença; verdade e mentira; bem e mal;
aceitação e rejeição; etc. Além dessas, João também usa as palavras crer, mundo,
testemunha, verdade e Filho de Deus, dando-lhes um sentido todo especial.
2 -
Ênfase na pessoa de Jesus -
Enquanto os três evangelhos anteriores são chamados
sinóticos, porque contêm material bastante semelhante entre si, João tem 92% de
narrativa original. Ele dá maior cobertura ao ministério de Jesus na Judéia. Põe mais
ênfase na pessoa de Jesus e no seu ensino acerca da vida eterna. Revela Jesus
especialmente como Filho de Deus. Inclui longos sermões de Jesus.
III - A ESTRUTURA DO EVANGELHO DE JOÃO
Apesar da
grandiosidade do livro, a forma como João organizou sua narrativa é bastante simples,
estando ao alcance de todos a compreensão da mensagem, porque é Palavra de Deus e porque
o material foi disposto de forma a levar o leitor em direção a uma confissão de uma fé
ativa em Cristo.
1 - O
prólogo. Já no início de seu Evangelho, João vai mais além de que todos os
evangelistas, 1: 1-18. Ele usa o termo “Verbo” para caracterizar a divindade de
Jesus, ressaltando a pessoa de Cristo, ainda na eternidade, com Deus. Assim, em vez de
tratar do nascimento de Jesus, ele aborda sua encarnação. Com isso, João faz com que o
assunto de seu Evangelho seja universal. Depois, o Evangelho pode ser dividido em quatro
períodos:
2 - O
período de reflexão: 1: 19 a 6: 71 - Apresenta Jesus, o Verbo divino, e
narra seus primeiros contatos com os discípulos. Utiliza a pregação de João e textos
das Escrituras proféticas do AT para explicar sua missão. Surgem, porém, as primeiras
controvérsias com os judeus, principalmente por causa da cura de um paralítico, num
sábado. Os milagres do cap. 6 levam os discípulos a uma entrega à fé.
3 - O
período de conflito: caps. 7 a 11 -
No início de seu ministério houve séria
descrença na missão de Jesus por parte dos judeus, 8: 22, 10: 19-20 e até pelos seus
próprios irmãos, 7: 5. Por isso, nessa fase Jesus ensinou intensamente sobre si mesmo,
7: 16-18, procurando revelar sua divindade. Os discípulos crescem na fé, principalmente
quando vêem o milagre da cura de um cego de nascença, cap. 9, e a ressurreição de
Lázaro, cap. 11. O panorama religioso é marcado, por um lado, pelo contraste entre as
multidões desnorteadas e a venenosa oposição da hierarquia judaica e, por outro, a
pregação de Jesus.
4 -
Período de preparação: caps. 12 a 17 - Depois, Jesus procurou estar longe
das multidões, 12: 23 e 36. Nessa fase de recolhimento,
dedicou-se mais aos discípulos, cap. 13. Precisava prepará-los para o choque da cruz. No final desse período, Ele volta para
Jerusalém, em busca do cumprimento de sua missão, 13: 1. Ocorre sua entrada triunfal,
sendo saudado por uma multidão de peregrinos, 12: 20, 21.
5 -
Período de consumação: 18:1 a 20:31 -
Os momentos finais de Jesus foram marcados
por violentas contradições: alguns manifestam total oposição e rejeição, outros
profunda aproximação e aceitação. Nos degraus do caminho da cruz estão o Getsêmani,
a traição de Judas, a covardia de Pilatos, a fraqueza de Pedro, a crucificação. Mas
também se vêem a constância do discípulo amado e das mulheres, a ação generosa de
José de Arimateia e de Nicodemos,
19: 39. A
ressurreição foi a justificação final da fé.
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