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quarta-feira, 4 de maio de 2016

A identidade do povo de Deus



1Pedro 2.4-10:
4 E, chegando-vos para ele, pedra viva, reprovada, na verdade, pelos homens, mas para com Deus eleita e preciosa,

5 Vós também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo.
6 Por isso também na Escritura se contém: Eis que ponho em Sião a pedra principal da esquina, eleita e preciosa; e quem nela crer não será confundido.

7 E assim para vós, os que credes, é preciosa, mas, para os rebeldes, a pedra que os edificadores reprovaram, essa foi a principal da esquina,
8 E uma pedra de tropeço e rocha de escândalo, para aqueles que tropeçam na palavra, sendo desobedientes; para o que também foram destinados.


9 Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz;
10 Vós, que em outro tempo não éreis povo, mas agora sois povo de Deus; que não tínheis alcançado misericórdia, mas agora alcançastes misericórdia.


Introdução

O roteiro do filme Desconhecido suscita uma reflexão a respeito da importância da nossa identidade pessoal. O personagem principal, Martin Harris (Liam Neeson), é um americano que está viajando em Berlim, onde sofre um acidente de carro e perde todos seus documentos. Acorda depois de quatro dias de coma, sem saber sua verdadeira identidade e, para piorar, encontra outro homem usando sua identidade e casado com sua esposa.  

O filme leva-me à seguinte reflexão: estar numa terra estrangeira sem nossa própria identidade é uma experiência muito difícil, e pior do que isso é encontrar outra pessoa assumindo nossa identidade.

De acordo com Pedro, nós, como povo de Deus, somos forasteiros e peregrinos (1Pe 1.1; 2.11). Não pertencemos a este mundo. E nessa peregrinação, não podemos nos esquecer quem nós somos, ainda mais considerando que tantos grupos religiosos assumem nossa identidade.

Atualmente, há muitos grupos que ostentam a identidade de “igreja”. Há tantas igrejas e denominações. Ás vezes, pergunto-me se sou “evangélico”, uma vez que há tantas igrejas evangélicas com doutrinas e práticas tão distantes da Palavra de Deus. Precisamos urgentemente refletir quem nós somos.

Proponho uma reflexão a respeito de nossa identidade como povo de Deus a partir de 1Pedro 2.4-10.

A identidade dos leitores de Pedro

Para uma compreensão adequada de 1Pedro 2.4-10, precisamos entender o pano de fundo da 1ª Epístola de Pedro. Essa carta foi escrita por Pedro por volta do ano 63 d.C., pouco antes de seu martírio ocorrido em 64 d.C. Naquela situação, o fogo da perseguição estava se levantando contra os cristãos (1Pe 4.12). Eles eram contristados por “várias provações” (1Pe 1.6).

Pedro escreveu essa carta com o propósito de encorajar aqueles crentes perseguidos, exortando-os a permanecer firmes na graça de Deus (1Pe 5.12).

Os leitores de Pedro eram estrangeiros e peregrinos (1Pe 1.1; 2.11). Tinham sido desarraigados da terra natal por causa da perseguição. Perderam seus bens e suas casas, mas não poderiam perder a memória de quem eram. Naquele contexto de perseguição, Pedro descreve a identidade deles em 1Pe 2.4-10. Precisamos entender quem nós somos e como somos, sobretudo nesses dias em que há um levante declarado contra os valores da Palavra de Deus.

A principal a afirmação de 1Pedro 2.4-10 é que a igreja é uma unidade corporativa. É a comunidade do povo de Deus. É um grupo. Não éramos povo, mas agora somos povo de Deus (v.10).

Para melhor entender a comunidade que originalmente recebeu a carta de Pedro, recorro à pesquisa de John H. Elliott, que constatou duas palavras que orientam nossa compreensão da identidade do povo de Deus:1

1) paroikoi, “forasteiros” (1.1), termo que designa pessoas morando em terra estrangeira, que não possuem os mesmos direitos dos cidadãos. Essa era a situação social dos leitores de Pedro: estavam espalhados por toda a Ásia Menor (1.1.). Estavam longe de casa.

2) oikos, “casa”, uma referência à família universal do povo de Deus (2.5; 4.17).

O primeiro termo, paroikoi, significa “estar sem casa”, e o segundo termo, oikos, significa “casa”. A oikos oferece segurança e proteção para os paroikoi (aqueles que estão sem casa). A carta de Pedro reitera que “aqui e agora a comunidade cristã constitui uma casa para os alienados e marginalizados”2 e assegura aos cristãos forasteiros da Ásia Menor “que na comunidade cristã todos os sem casa encontram uma casa na família de Deus”3.

Os “forasteiros” formam a comunidade do povo de Deus. Eles são acolhidos por Deus (1Pe 1.3) para formarem a comunidade de acolhimento (1Pe 4.7-10). Observamos, então, que nossa identidade é definida em termos de nossa relação para com Deus e em termos de nossa relação para com o mundo.

1. A nossa identidade para com Deus: v4
No v.4, Pedro nos convoca para achegarmos a Deus e no v.5 afirma que fomos estabelecidos para oferecermos um culto agradável a Deus. Portanto, nossa identidade é definida em termos de nossa relação com Deus.

Somos pedras que vivem: v.5

No v.4, Pedro afirma que Jesus é a pedra que vive. Apesar de rejeitada pelos homens, ela é eleita e preciosa para Deus. 
Cristo, e não Pedro, é a pedra sobre a qual a igreja está edificada. O próprio Pedro ouviu de Jesus: Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela (Mateus 16.18). E, dirigindo-se para o Sinédrio, Pedro afirmou que Jesus é a “pedra rejeitada por vós, os construtores, a qual se tornou pedra angular” (Atos 4.11).

Pedro diz que seus leitores eram pedras vivas identificadas com a pedra viva, Cristo: “também vós mesmos”, diz o início do v.5. Eles eram forasteiros e peregrinos. Tinham sido desalojados de suas casas por causa da perseguição, mas precisavam saber que não eram somente forasteiros rejeitados pelos homens, eram pedras vivas. O Senhor Jesus, a pedra viva, também tinha sido rejeita pelos homens. Mas essa pedra era preciosa e, de igual forma, aqueles crentes da Ásia Menor, apesar de rejeitados pelos homens, eram preciosos aos olhos do Senhor.




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